Nutrição uma ferramenta contra o câncer!

O alimento pode ser um importante aliado na prevenção e durante o tratamento do câncer, embora não exista UM único alimento capaz de prevenir ou curar o câncer, um hábito alimentar saudável poderá ter um papel valioso contra o câncer.

A grande dúvida em relação à alimentação é como saber se nossos hábitos alimentares são compatíveis para a prevenção do câncer? Para responder essa questão criei alguns pilares importantes para auxiliar a norteá-lo:

1) COMIDA FRESCA: A maior parte da sua alimentação deve ser construída com comida de verdade (aquela que é plantada, colhida, pescada). Monte suas refeições com alimentos como: batata doce, batata baroa, inhame, aipim, abóbora, vegetais, legumes variados, peixes, ovos, temperos frescos, cogumelos, grãos integrais (aveia, quinoa, amaranto), frutas variadas, prefira óleos não refinados (azeite de oliva, manteiga – com moderação, óleo de coco)

2) QUALIDADE DO ALIMENTO: Sempre que possível, utilize orgânicos, não consegue orgânicos? Consuma a versão não orgânica, mas não deixe jamais de consumir comida de verdade. Além disso, a forma de preparo também é muito importante, evite cozinhar em altas temperaturas – utilize sempre o fogo baixo ou moderado, ou na temperatura mínima no forno, isso evitará a formação de compostos tóxicos potencialmente carcinogênicos. Retire da alimentação produtos alimentícios industrializados, como: temperos prontos, molhos prontos, refrigerantes, sucos artificiais etc. 

3) COMIDA – ALIMENTO DA ALMA: lembre-se comer é um ato de amor e autocuidado, comida tem memória afetiva e sensorial por isso é tão importante que saibamos dosar e equilibrar a rotina alimentar com momentos em que iremos desfrutar de uma refeição com maior valor afetivo. Nesses momentos, mesmo que a preparação não tenha toda a qualidade nutricional que gostaríamos, ela irá exercer um papel igualmente importante de remeter a bons momentos ou de dividir a mesa com pessoas de muito valor emocional, desfrute desses momentos sem culpa e de forma consciente.

4) FREQUÊNCIA: busque por uma alimentação regrada no seu dia a dia, pois os compostos ativos presentes nos alimentos exercem efeitos curtos no nosso organismo, por isso a importância de TODAS as refeições da rotina alimentar serem compostas por bons alimentos dessa forma prolongamos os efeitos benéficos e só assim assumiremos uma alimentação preventiva.

Embora os pilares da alimentação anticâncer norteiem nossos hábitos, muitas dúvidas ainda persistem sobre o que comer e se DEVO ou NÃO comer principalmente quando há o diagnóstico de câncer, por isso logo abaixo segue algumas das principais dúvidas que recebo dos meus pacientes;

➢ Estou com câncer, não posso consumir açúcar? Açúcar não é recomendado diariamente nem em condições de saúde, após o diagnóstico é o momento que precisamos mais do que nunca de nutrientes derivados de COMIDA DE VERDADE, por isso evite utilizar na sua rotina alimentar. Em situações esporádicas poderá ser incluído para cumprir com seu papel afetivo (pilar 3) nesses momentos desfrute com moderação, sem culpa e busque nesse dia amparar suas demais refeições com mais alimentos ricos em compostos anticâncer, como: vegetais verdes escuros, frutas vermelhas e roxas, gengibre, canela…

➢ Estou com câncer, devo substituir o açúcar por adoçantes? Não, seu corpo precisa de cuidados e se tem algo que ele realmente você não precisa são de produtos artificiais. – MAS E OS ADOÇANTES NATURAIS (stevia, xilitol, taumatina, eritritol)? Podem ser usados como estratégias até a adequação do paladar, mas a ideia é que na rotina você não precise usar desses artifícios, pois deverá se adaptar ao sabor natural dos alimentos.

➢ Como lidar com a vontade de doce? Na rotina, a vontade poderá ser contemplada com receitas que utilizam frutas para adoçar naturalmente.

➢ Posso comer qualquer tipo de fruta? SIM, a priori não existe restrição de tipo, apenas evite consumir mais de uma fruta na mesma refeição, distribua-as ao longo das refeições do dia.

➢ Estou com câncer, não posso consumir carne vermelha? O consumo da carne vermelha precisa ser reduzido. A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) sugere que o consumo seja inferior a 500g/semana de carne. Evite consumir carne processada, como: salame, peito de peru, mortadela, linguiça, salsicha etc. Sempre que consumir carne vermelha, procure deixá-la marinando por pelos 4h (mínimo) na cerveja ou vinho com sal e temperos frescos (algumas sugestões: gengibre, tomilho, alecrim, sálvia, coentro etc.) isso reduzirá a quantidade de compostos potencialmente carcinogênicos no processo de aquecimento.

Para finalizar, lembre-se de que a nutrição é parte ativa do seu processo de autocura, e que a maioria dos sintomas enfrentados durante o tratamento poderão ser minimizados com estratégias alimentares. E para quem busca apenas por prevenção, lembre-se de que a dieta é responsável por 30-35% das causas de câncer, a obesidade por 10-20%, somando essas informações concluímos que cerca de até 55% das causas de câncer tem relação com o HÁBITO ALIMENTAR e por isso não deixe para amanhã os cuidados com sua alimentação!

Ana Laura Rodrigues Bordinhão – Nutricionista CRN 4244 Nutricionista (UFSC). Mestre em Oncologia pelo Hospital de Câncer de Barretos (SP), Pós-graduada em nutrição funcional. Coordenadora de pós graduação em nutrição oncopediátrica da Ciclos Ensino. Atua como Nutricionista Oncológica na clínica NOOVA Oncologia em Florianópolis.

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